Página de Walter Eudes

28/08/2022

VERMELHO, VERMELHÃO

Filed under: Arquivo Geral — waltereudes @ 13:04

Parantis, AM – Brasil. – VIDE VÍDEO

Cultura local…

Como assinalou Gilberto Freyre inicialmente, talvez seja a COR VERMELHA a característica simbólica quase que comum às diversas nações indígenas brasileiras pré – Cabralinas – do URUCUM, árvore presente em todo território, que produz sementes colorificas usadas ritualisticamente à caça, festa, sagrado… Geralmente no corpo. Mas também em alimentos, utensílios e provavelmente em alguma vestimenta.
O URUCUM indígena, encontra na ancestralidade nativa uma relação natural inconteste… Ecológica. E vai confluir esta memória inconsciente ancestral brasileira, com as idéias modernas europeias de política, de República onde a COR VERMELHA encontra representação em grupos de operários e camponeses de várias nações europeias desde o século XIX…
Esta identificação de COR, de aspecto simbólico, não se dá unicamente pela cor em si… Mas, como no passado, no início da colonização brasileira pelos europeus, da irmanação daqueles povos que para o Brasil vieram ou em diáspora ou em exílio… Foram os africanos escravizados que inicialmente se tornaram intriscecos aos povos nativos ao ponto de hoje, no século XXI, às tradições específicas de indígenas e de afrodescendentes encontrar-se mesclas salutares, harmônicas , em vários setores humanos – religiosos, gastronomia, músicas, danças, vestimentas, modos … Que eram povos – os nativos indigenas e o africano expatriado – de tradição campestre e comunitária em síntese. Sem metrópoles nas suas regiões. Some-se neste período também judeus expulsos da Iberia por força da inquisição moderna … Parece ter sido também o sentimento de “perseguido” e/ou “explorado” forte razão de identificação dos grupos primários da formação do Brasil, da brasilidade …
E vêem encontrar pela grande diáspora de Europeus do século XIX identificação às ideias políticas então surgentes… Que imigrantes eram pessoas que atravessavam extrema pobreza econômica, operários, camponeses, de formação política de base, com objetivos de condução dos meios de produção da economia.
E talvez possa ser esta a razão do VERMELHO nativo do URUCUM harmonizar-se ao menos imaginariamente, ao vermelho do comunismo europeu…

Walter Eudes

PERNAMBUCO
28/AGO/2022

21/08/2022

ARTISTA DO INTERIOR

Filed under: Arquivo Geral — waltereudes @ 13:59

Não há modo de desdenharmos da religiosidade interiorana… se nordestina/brasileira é presente em muitos momentos da vida social…
Artista tem que ir aonde o povo está mesmo! E vemos (foto) Pe José Ramos ministrando ensinamentos cristãos ao público devoto de São Sebastião em Limoeiro-PE (alguns anos antes da pandemia). E lá estou eu! Registrando o trabalho deste grande artista pernambucano do cinema, TV e do teatro nacional agora em atividades religiosas.
Não me foi surpresa meu registro passar desapercebido por quase todos e todas devotos… Que, se há Padre conciso em atividade a público que o espera, não há outro motivo a se ater… se é Padre que também é artista… Vixe Maria! Quem vai olhar pra o trabalho de um fotógrafo?? QUASE ninguém né?
Mas é assim mesmo… Siga em paz e firme tanto quem toma a Fé como referência maior, como quem toma a Arte… È ou não é?

Walter Eudes Limoeiro-PE AGO/2022

14/08/2022

Quo vadis? (Rascunho linguístico de termo comum)

Filed under: Arquivo Geral — waltereudes @ 13:38

Conta por cá, nas terras pernambucanas que pelos idos de Nassau aqui a governar, vindo gerir a Nova Holanda, formada do Reconcavo Baiano aos Lençóis Maranhenses, deu ampla liberdade o alemão Conde às religiões… Que vieram muitos Judeus aqui se estabelecendo ou como bons comerciantes ou como poderosos credores… Que após as tropas luso-hispanicas, assomadas com nativos e escravizados vencerem os Batavos, seguiu-se severa perseguição a muitos dos que aqui estavam em gerência de governo, havendo muitos que retornaram à Holanda, muitos outros se embrenharam pro interior e viveram aqui deixando numerosa descendência até hoje marcante e punjante no Nordeste, especialmente em Pernambuco… Quanto a Judeus apoiadores do antigo governo, muitos ARRIBARAM e desembarcaram num lugar novo e lá participaram da fundação de uma nova cidade: Nova Yorke.
Ir PARA RIBA foi a opção de muitos portanto.

BRASILEIRO MODERNO
É sinônimo de “fuga” , ARRIBAR, geralmente dito de quem foge covardemente de dívidas contraídas… Alcunha de macula grave a quem precede o adjetivo de CALOTEIRO. Que, após dar calote aos credores, ARRIBA! – some, desaparece do lugar… No sentido contemporâneo, não necessariamente PARA RIBA, “para cima”, como numa interpretação sugerida mais antiga. Nem como foi aos Judeus de Pernambuco da era Nassau que não eram velhacos, ao contrários, credores

Foto: detalhe de pintura de retrato de Maurício de Nassau

05/08/2022

EM DOIS TEMPOS…

Filed under: Arquivo Geral — waltereudes @ 13:37

1990 – Olinda-PE (foto p&b de lavador de carro)
2016 – mão de artesão vendendo seu brinquedo

Na primeira fotografia, fiz estudo em película de desfoque do primeiro plano do tema fotografado. Meu intuito era “levar o olhar ao que interessa” – um trabalhador informal de rua em seu ofício (havíamos ido em turma a Olinda para escolher tema de fotografar a partir das aulas teóricas de fotografia do curso de comunicação da universidade)

Na segunda foto, a última película que fiz, também apliquei o desfoque repetindo o mesmo aspecto : “olhar o que interessa!”, neste caso, a mão do artesão levemente desfocada, estando o foco no centro do conjunto de brinquedos. Aí, anos depois dos meus primeiros experimentos em película, já não é mais meu olhar em primazia, não mais o que vejo e sim o que veem as pessoas do meu convívio. Na técnica desta foto uso o macro de uma NIkon com película 400 asa; relevada em um dos últimos laboratórios de revelação do Recife, outrora abrigando dezenas e dezenas.

de: EXPOSIÇÃO INÉDITA – Walter Eudes

01/08/2022

MIRÓ DA MURIBECA, DE PERNAMBUCO, DO BRASIL

Filed under: Arquivo Geral — waltereudes @ 11:25

O poeta que veio da periferia, sofrendo os preconceitos de cor, classe e erudição, firmou sua arte com linguagem própria entre dores e sabores. Hoje festejado pelo público, colegas e crítica, outrora foi marginalizado , assim como a “muitos Mirós” que hoje trocam versos por pão (e por uma cachacinha às vezes. Claro!). Para cada Miró da Muribeca há lá uma dúzia ou várias dúzias de invisíveis poetas… Não é fácil subverter a cruel lógica da erudição rebuscada e pedante das exigências preconceituosas e elitistas do padrão imposto de poesia: culta a rigor.
Poesia de rua, de becos, bares, farras até botaram uma alcunha: “marginal”. Ou, “alternativa”… Basta não ser poesia que reforce as opulentas formas ortográficas, que não seja recitada em refinados salões de lembrança clássica, a público convidado por convites entregues em mãos de luva com letras douradas em papéis de linho. Nestas nobilissimas salas restritas , um piano ao acompanhar, poemas de rebusque ortográfico que deixam o mundo sempre bonito e a vida sempre feliz.
Os que não nasceram nos luxos aristocrático, porém a poesia os fisga, muitas vezes preferem ser vozes dos invisíveis, sem negar suas biografias nem realidade e seguem insistentemente negando um lugar no conformismo por uma dita “ascenção social” – “melhorou de vida”. “A arte lhe fez bem”. “Cresceu na poesia”.

Miró resistiu às seduções da alienação e persistiu no seu poema manifesto. Rico de trocadilhos provocativos, sacolejando o público para o mundo que , assim como ele foi por tempos, era invisível às pessoas. De fato, a poesia de Miró faz novos significados a rotineiros e “banais” significantes… Esta capacidade do artista em revelar “um outro lado” de qualquer coisa ou qualquer modo aparentemente comum mostra sua genialidade. Ressignificar o mundo. E este mundo começava no Recife… Assim parece ter sido a profissão de Miró e assim é sua poesia.

Pude ver a magnitude de sua obra quando, há alguns anos atrás estava em trabalhos corriqueiros pessoais e junto a mim, alguém assistindo TV que exibia uma entrevista ao vivo de jovens poetas de São Paulo; adolescentes que recitavam poemas seus e de outros poetas. Eis que um dos jovens recita um poema , lá em Sampa, que ao término me veio a lembrança dos versos de Miró. Uma linguagem bem própria . Perguntado pelo repórter de quem era o poema, o jovem paulista disse: de um grande poeta do Recife: Miró da Muribeca.

Assim que a poesia, a arte vai nos trazendo a alegria de gênios em criação, ao tempo de desafios imensos aos mesmos … Não é, nunca vai ser normal artistas, ou quem quer que seja, limitarem seus trajetos de vida por desafios históricos de sobrevivência. São diversas injustiças estabelecidas, opressões impostas, que a arte pode denunciar e pode ser uma esperança de bem estar e longevidade … Ao futuro porém. Por hora ainda reina o descaso, a marginalização a quem não esteja alinhado exclusivamente com a erudição, a norma culta.

Quantos Mirós há?
Nestas terras de Nassau
Entre o sol e o mar
Nas ruas e becos
Com poemas e um trago
Uma risada e um choro
Olha lá o poeta!
Passando pela ponte!
Indo para a noite,
Trabalhar com seus versos!
Será que hoje descolo uma sopa com pão?
Disso eu não sei não…
Mas vai ter poema pra fazer pensar!
Poesia é navalha no pensamento!
Corta o sossego da vida perfeita…
Mostra o que há de verdade ebaixo do céu!!

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